O faraó Quéops, famoso por ter construído a Grande
Pirâmide em Gizé perto do Cairo, também era um filho único que amava muito sua
mãe. O nome dela era Heteferes, e ela gostava de usar chinelos de pele de
gazela, e dúzias de pulseiras de prata de tornozelo com pequenas libélulas de
malaquita. À noite, dormia numa cama lustrosa e elegante, sendo o pé da cama
feito de ouro pintado com flores azuis e pretas. Ela recostava a cabeça num
suporte de madeira curvo, a versão egípcia do travesseiro. Suas cadeiras, seu
conjunto de manicure, e até mesmo suas navalhas eram feitos de ouro. Heteferes
precisava dessas navalhas - os homens e mulheres egípcios raspavam suas cabeças
e corpos todos os dias.
Não sabemos dos grandes acontecimentos da vida de
Heteferes, sabemos apenas da estranha história de seus problemas após a morte.
Por causa de seu posto, ela deveria ter acabado confortavelmente protegida em
sua própria pequena pirâmide, próxima da pirâmide de Sneferu, seu marido.
Entretanto, ladrões entraram em seu túmulo pouco depois do enterro. Procurando
um ganho rápido, coisas fáceis de serem receptadas, eles abriram o sarcófago,
arrancaram suas jóias e fugiram. Sua múmia desapareceu, e somente os canopos,
vasos que guardavam suas entranhas, então reduzidos a uma lama em fluido de
embalsamar, ficaram para trás.
Tumba da Rainha Heteferes
Para os
egípcios, molestar múmias era o pior tipo de sacrilégio. Eles acreditavam que a
regra mais importante para obter sucesso na vida após a morte era: mantenha
esse corpo intacto como um lar para o espírito ka e o espírito parecido
com um pássaro ba. Sem sua múmia, o espírito ba de Heteferes, que
normalmente era capaz de viajar entre o túmulo e o mundo exterior, ficou sem
casa. Isso era o obvio - a verdadeira morte.
Apavorados com a possível reação do faraó, seus
subalternos reenterraram o sarcófago sem múmia de Heteferes com algumas de suas
próprias mobílias e bens, num local sem nenhum marco próximo da pirâmide-tumba
de Quéops em Gizé. Quatro mil anos mais tarde, um fotógrafo tropeçou por sobre
a entrada secreta de sua segunda tumba, oferecendo-nos uma visão mais próxima
dos detalhes requintadamente bonitos de sua vida diária. Espero que seu ka
e seu ba ainda estejam na área, e desfrutando a admiração moderna.
Móveis e jóias encontrados na tumba de Heteferes:
A cadeira de
braços que pôde ser reconstruída é uma peça de grande elegância e perfeição. As
partes são unidas por meios de encaixes e cavilha e os braços são chanfrados.
Os painéis laterais são formados por três flores de lótus douradas, enquadradas
por uma moldura retangular. As pernas são patas de leão revestidas a ouro.
A cama tem cabeceira e pé. As decorações em
relevo mostram símbolos que remetam a deuses e a cenas religiosas. O design de
outras mesas e tamboretes que se têm conservado são mais simples, com pés
lisos, mas muito bem trabalhados.
Liteira onde a Rainha Heteferes era carregada por seus servos.
Braceletes também encontrados por pesquisadores em 1925.
Fontes:
- Livro "Mulheres audaciosas da antiguidade", de Vicki León, Editora Rosa dos Tempos, 1997, Tradução de Miriam Groeger. Título original: "Uppity women of ancient times".
- http://clovisbarbosa.blogspot.com.br/2011/11/mulhewres-da-antiguidade-heteferes.html
- http://www.joaoademar.xpg.com.br/arquitetura_de_interiores.pdf
Postado por: Gabriele Ribeiro e Suélen Blaas
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