segunda-feira, 4 de junho de 2012

HETEFERES


                                     
O faraó Quéops, famoso por ter construído a Grande Pirâmide em Gizé perto do Cairo, também era um filho único que amava muito sua mãe. O nome dela era Heteferes, e ela gostava de usar chinelos de pele de gazela, e dúzias de pulseiras de prata de tornozelo com pequenas libélulas de malaquita. À noite, dormia numa cama lustrosa e elegante, sendo o pé da cama feito de ouro pintado com flores azuis e pretas. Ela recostava a cabeça num suporte de madeira curvo, a versão egípcia do travesseiro. Suas cadeiras, seu conjunto de manicure, e até mesmo suas navalhas eram feitos de ouro. Heteferes precisava dessas navalhas - os homens e mulheres egípcios raspavam suas cabeças e corpos todos os dias.
Não sabemos dos grandes acontecimentos da vida de Heteferes, sabemos apenas da estranha história de seus problemas após a morte. Por causa de seu posto, ela deveria ter acabado confortavelmente protegida em sua própria pequena pirâmide, próxima da pirâmide de Sneferu, seu marido. Entretanto, ladrões entraram em seu túmulo pouco depois do enterro. Procurando um ganho rápido, coisas fáceis de serem receptadas, eles abriram o sarcófago, arrancaram suas jóias e fugiram. Sua múmia desapareceu, e somente os canopos, vasos que guardavam suas entranhas, então reduzidos a uma lama em fluido de embalsamar, ficaram para trás. 
Tumba da Rainha Heteferes

 Para os egípcios, molestar múmias era o pior tipo de sacrilégio. Eles acreditavam que a regra mais importante para obter sucesso na vida após a morte era: mantenha esse corpo intacto como um lar para o espírito ka e o espírito parecido com um pássaro ba. Sem sua múmia, o espírito ba de Heteferes, que normalmente era capaz de viajar entre o túmulo e o mundo exterior, ficou sem casa. Isso era o obvio - a verdadeira morte.
Apavorados com a possível reação do faraó, seus subalternos reenterraram o sarcófago sem múmia de Heteferes com algumas de suas próprias mobílias e bens, num local sem nenhum marco próximo da pirâmide-tumba de Quéops em Gizé. Quatro mil anos mais tarde, um fotógrafo tropeçou por sobre a entrada secreta de sua segunda tumba, oferecendo-nos uma visão mais próxima dos detalhes requintadamente bonitos de sua vida diária. Espero que seu ka e seu ba ainda estejam na área, e desfrutando a admiração moderna.

Móveis e jóias encontrados na tumba de Heteferes:


A cadeira de braços que pôde ser reconstruída é uma peça de grande elegância e perfeição. As partes são unidas por meios de encaixes e cavilha e os braços são chanfrados. Os painéis laterais são formados por três flores de lótus douradas, enquadradas por uma moldura retangular. As pernas são patas de leão revestidas a ouro.

 
A cama tem cabeceira e pé. As decorações em relevo mostram símbolos que remetam a deuses e a cenas religiosas. O design de outras mesas e tamboretes que se têm conservado são mais simples, com pés lisos, mas muito bem trabalhados.


 
               Liteira onde a Rainha Heteferes era carregada por seus servos.

 
Braceletes também encontrados por pesquisadores em 1925.


Fontes:
 
  •  Livro "Mulheres audaciosas da antiguidade", de Vicki León, Editora Rosa dos Tempos, 1997, Tradução de Miriam Groeger. Título original: "Uppity women of ancient times".
  •  http://clovisbarbosa.blogspot.com.br/2011/11/mulhewres-da-antiguidade-heteferes.html
  • http://www.joaoademar.xpg.com.br/arquitetura_de_interiores.pdf

Postado por: Gabriele Ribeiro e Suélen Blaas


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